Avançar para o conteúdo principal

Flash interview com Sandra Alves enóloga do Esporão


Esporão

Transmontana de gema, muito cedo descobriu a sua paixão pelo o mundo do vinho, muito por influencia do seu querido avô.
Formanda em Enologia pela Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, complementou a sua formação, com uma Pós-Graduação em Viticultura e Enologia da Escola Superior de Biotecnologia, Universidade Católica Portuguesa do Porto, mas não ficou por aqui, e procurou sempre aprofundar os seus conhecimentos no sector.
Teve a oportunidade de passar por um conjunto de projectos, que contribuiu para o seu enriquecimento profissional, tais como Quinta do Noval, Quinta do Cardo, Quinta da Romeira e Wise Vineyards, na região de Margaret River, na Austrália. Mas a verdadeira casa sempre foi o Esporão.
É caracterizada como uma enóloga que procura traduzir nos seus vinhos, a importância de compreender as vinhas e o meio ambiente que caracterizam o lugar, a região da produção vitivinícola.

Esporão

1 - O que é para si um bom vinho?
A definição de bom vinho, pode ser muito abrangente, influenciada pelo seu local de origem, pela companhia e pelo estado amímico de cada um. No entanto,  o vinho que se destaca, é aquele que me consegue reportar ao seu local de origem, que manifesta a sua identidade própria, fruto da sua proveniência e das gentes que o trabalhou.

2 – O que a levou para enologia?
Como Transmontana, sempre estive ligada com a vida rural. Na minha infância, um dos momentos mais notálgicos, era a altura da vindima na região, devido à oportunidades de andar com o meu avô a apanhar uva e levar a colheita para a Adega Cooperativa de Vila Real.
Esta ligação ao mundo rural, inicialmente despertou-me o interesse pelas ciências naturais, no entanto, com o passar dos anos, o bichinho de ser enóloga, veio ao de cima, e fez-me seguir Enologia.
O bichinho de ser enóloga, nasce pela beleza e essência de saber produzir vinho, um produto que tem a capacidade de unir em seu torno um leque diversificado de pessoas, tão diferentes entre sim, mas unindo-as com um gosto/interesse em comum, “o disfrutar de um bom vinho”. 
Por outro lado, havia a oportunidade de trabalhar ligada à vinha, e deste modo, traduzir a minha paixão de criança, numa mais valia profissional. Sempre ouvi dizer, quem corre por gosto, não se cansa, e o meu gosto pela vinha, por tentar perceber o que a vinha me está a dizer, e conseguir refletir essa personalidade no vinho, representa um grande desafio como profissional, que gosto de abraçar todos os anos, quando chega a altura da vindima.

3 - Qual a estratégia do Esporão para afirmação e crescimento dos vinhos/enoturismo no mercado nacional e externo?
A estratégia do Esporão, assenta numa visão, que contempla num só plano, a genuinidade das pessoas da região que colhem as suas uvas, com uma gestão sustentável das suas vinhas, onde a verdadeira identidade das suas vinhas não é alterada, simplesmente reconhecida. Há uma procura por parte da empresa, em entender a personalidade das suas vinhas/uvas e em transmitir essa personalidade aos consumidores quando estão a degustar os seus vinhos.
Os seus vinhos são feitos apenas de uvas das suas vinhas e de viticultores identificados na região que apresentem requisitos de exigência e qualidade.
O Esporão apenas aposta em marcas próprias, tanto no mercado nacional e internacional. O seu foco está em mercados chaves, que revelem grande capacidade de crescimento, evitando dispersar o seu leque de clientes pelo globo. Actualmente os mercados chaves estão em Portugal, Brasil e Americano , apostando numa presença forte, com um distribuidor que garanta uma presença forte no mercado. 

4 – Na sua opinião o que diferencia os vinhos do Esporão, dos restantes?
Os vinhos do Esporão diferenciam-se pela sua origem, pela sua qualidade e pela sua personalidade.
Pela origem das nossas uvas, que nascem em vinhas em produção modo biológico, com uma gestão sustentável dos seus recursos e com uma forte conexão com a região onde cresceram as suas vinhas.
Com qualidade, devido à nossa preocupação em fazer vinhos, que sejam bons hoje e no futuro, fruto de uma gestão sustentável dos recursos, refletindo essa sustentabilidade, em vinhos com genuinidade e essência.
A personalidade é reflexo da origem das nossas uvas e da nossa politica de qualidade, porque a personalidade dos nossos vinhos, nasce nas nossas vinhas, no tipo de uva que cada vinha nos dá, na oportunidade que temos de trabalhar aquelas uvas e no empenho da nossa equipa em interpretar essas uvas, produzindo os nosso vinhos com a devida primazia.


Quero deixar um forte agradecimento à Sandra pela sua disponibilidade e simpatia em receber-me na Adega do Esporão. 

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Curiosidades - Pesgar a Talha

A talha é um pote de barro, com uma estrutura porosa pelo que se impõe a necessidade de impermeabilização do seu interior. A sua impermeabilização é uma técnica ancestral, e que ainda hoje resiste, passa por untar o interior da talha com resina de pinheiro, denominada de pez louro, à qual se pode adicionar alguns outros produtos naturais (mel, azeite, ..) conforme a receita do pesgador, profissão hoje praticamente extinta. A pesgagem para além da impermeabilização, permite uma conservação apropriada para o vinho e uma cozedura do vinho, que se podem traduzir num vinho de elevada qualidade. A pesgagem das talhas, ou seja, o revestir o seu interior com pez louro, é sempre uma operação que implica o trabalho de várias pessoas e dura uma grande parte do dia, pelo que, sendo muito rara nos dias que correm, é vista como um acontecimento a merecer celebração. Aproveito para deixar um pequeno video do Esporão, onde é possível visualizar um pouco do processo: https://www.youtube

Provas – Pequenos mas bons.

Um brilhante Alvarinho Alentejano , produzido pelo Herdade das Servas em Estremoz , que encanta pelo seu amarelo palha como cor, pelos seus aromas a fruta branca e tropical, acentuadas pelo calor alentejano. Na boca revelando corpo e persistência em cada golo. Representado uma excelente opção para massadas de peixe e carne grelhada. Custado ao consumidor 11.99 €.

Flash interview com Mariana Salvador enóloga da Herdade da Comporta

Tudo começa em Lisboa com a decisão do Mestrado em Viticultura e Enologia no ISA. Desde então não me vejo a trabalhar noutra área. A produção de vinhos é um desafio e aprendizagem constantes que envolve dedicação e experiencias num dia a dia entre a vinha e a adega. O objectivo máximo é a partilha, com a nossa equipa, amigos, colegas enólogos e obviamente o consumidor de um modo geral - e talvez seja este o maior desafio – partilhar e exprimir o que fazemos. 1 - O que é para si um bom vinho? Um bom vinho é aquele que nos apetece beber num determinado momento. Gosto de vinhos desafiantes e pouco óbvios mas obviamente equilibrados em todas as suas sensações. Um bom vinho tem de nos dar prazer. 2 - Quando está a beber um vinho que variáveis/características a fazem desfrutar daquele momento? De uma forma mais técnica, todas as variáveis organolépticas do próprio vinho, cor, aroma, sabor, textura e claro a sua harmonização com a refeição que acompanha. Por outro lad