Autarca, professor, atleta,
músico, dirigente associativo, pai e avô. Múltiplas facetas de um homem, com o
mesmo denominador comum: o entusiamo e a dedicação plena com que se entrega a
tudo aquilo que o cativa e apaixona.
À frente dos destinos do
Município de Palmela desde 2013, Álvaro Manuel Balseiro Amaro é um acérrimo
defensor dos vinhos, queijos, doçaria e outros produtos de excelente qualidade,
produzidos no concelho e na região, convicto de que a defesa dos valores
endógenos e das raízes identitárias é a chave para o posicionamento dos
territórios e para o seu desenvolvimento pleno e sustentado.
Depois da fase de
qualificação e expansão vitivinícola na Península de Setúbal, vivida nas últimas
décadas, e do respectivo reconhecimento nacional e internacional, o Presidente
da Câmara Municipal de Palmela acredita que o novo desafio que se coloca ao
sector passa pela aposta no enoturismo.
Vice-Presidente da RECEVIN –
a Rede Europeia de Cidades do Vinho – leva no coração os vinhos do concelho de
Palmela e da Península de Setúbal, que defende e promove em diversos fóruns, um
pouco por todo o mundo.
1
- O que é para si um bom vinho?
Um bom vinho é aquele que
consegue despertar em mim um conjunto de sensações, provenientes do seu paladar,
aroma e textura, remetendo para uma viagem à sua história.
Quando se bebe um vinho,
podemos descobrir histórias, paisagens, pessoas, tradições pertencentes a um
território. O vinho é um produto complexo, que consegue conjugar muitos
protagonistas e nos permite viajar até ao seu lugar de origem. Considero que o
vinho é, por isso, um excelente embaixador do território.
A par do lado degustativo,
não podia deixar de referir meu interesse pelo lado criativo, que envolve a
garrafa, o rótulo, a imagem definida pelo produtor para cativar o consumidor.
2
– Qual a sua ligação e encanto pelo mundo dos vinhos?
A minha ligação ao mundo do
vinho começa com os meus antepassados, onde destaco, do lado materno, o meu avô,
que era um humilde agricultor da zona dos Arraiados, proprietário de algumas
vinhas. Também do lado paterno, o meu avô, Ti João Coelho, trabalhava na adega A.S.L.
Tomé, em Pinhal Novo.
Esta ligação ao mundo do
vinho sempre mexeu comigo e despertou em mim o interesse pelo sector do vinho.
Na minha juventude, procurava ocupar o meu período de férias de Verão com a prática
de diversas tarefas na Adega do Sr. Brinca, no Pinhal Novo: lavar as garrafas,
as tinas e os barris, a pisa da uva, o enchimento de garrafões, a vinificação e
a produção de água-pé.
No entanto, assumo que o meu
lado enófilo, de procurar degustar um bom vinho, somente chegou mais tarde, já
com mais maturidade, despertado através de socialização com amigos, famílias e
profissionais do sector.
Como Presidente da Câmara
Municipal de Palmela, acredito na qualidade e no potencial de crescimento do
vinho da região, que contribui efectivamente para o desenvolvimento da economia
local, elevando bem alto o nome de Palmela em território nacional e no mundo
inteiro. Desde muito cedo, percebi que os produtos locais são o melhor canal de
atractividade de visitantes para o território.
Neste sentido, procuro criar
condições que permitam o crescimento do sector do vinho e do enoturismo da
região, cuja promoção é um eixo estratégico para o Município. No contacto com
outros autarcas, agentes económicos nacionais e internacionais, procuro ser um
grande promotor do vinho e do enoturismo da região.
3
- Qual a estratégia da Câmara Municipal de Palmela para a afirmação e
crescimento dos vinhos/enoturismo da região no mercado nacional e externo?
Como referi anteriormente, o
sector do vinho e o enoturismo são duas áreas definidas, nos meus mandatos,
como estratégicas para o crescimento do turismo e da economia local.
O primeiro passo foi dado
através da criação da marca “Palmela Conquista”, que visa criar uma identidade,
um carimbo credenciado, que permita diferenciar e promover o que de melhor se
faz no concelho, onde o enoturismo e os vinhos são factores chaves na distinção
do território.
A criação desta marca permitiu
criar alicerces para o desenvolvimento de um conjunto de iniciativas, em torno
dos produtos locais, do vinho e do enoturismo, que atraem inúmeros visitantes
ao concelho de Palmela. Destaco, por exemplo, o Palmela Wine Jazz, que decorre
no Castelo, a Mostra de Vinhos em Fernando Pó, o Festival do Queijo, Pão e
Vinho, a Festa das Vindimas, os concertos nas adegas da região “Sons do Vinho” ou
Festival do Moscatel de Setúbal…
Cedo percebi que a
atractividade de turistas para o concelho de Palmela não podia ser desenvolvida
a solo pela autarquia e, dando sequência à longa prática de trabalho em rede na
autarquia, decidimos apostar em parcerias com operadores turísticos, que nos
ajudem a promover e atrair turistas a Palmela.
A nossa dedicação para
diferenciar e elevar o bom nome de Palmela é constante. Acredito que há um
ecossistema empreendedor em torno do sector vinho, repleto de novas
oportunidades. Permita-me sublinhar o projecto inovador, que temos em curso,
sob o nome de “Centro Rural Vinum”, e que visa fazer de Fernando de Pó uma
autêntica aldeia vinhateira. Esta pequena aldeia já o é, na sua essência,
concentrando um leque importante de adegas, tais como a Casa Ermelinda Freitas, a Fernão Pó Adega, a
Marcolino Freitas e Filho, a Agrosilvestre, a Casal Freitas e a Rotas do Pó,
entre outras. Este projecto procura potenciar este património, dotando-o
de uma série de infraestruturas de apoio, que qualifiquem o espaço e aumentem a
capacidade de atracção, e ir mais além, através da criação de um centro de
inteligência na área do vinho, para investigação e desenvolvimento do sector.
A nossa aposta na
diferenciação começou em 2009, quando nos tornámos o primeiro município
português a receber o título de “Cidade do Vinho”, e continuou em 2012, quando
fomos, também, pioneiros na conquista do galardão “Capital Europeia do Vinho”.
Participamos, também, de forma assídua, em
certames nacionais e internacionais, com a finalidade de promover o concelho,
que me orgulho de representar.
4 – Na sua opinião o que diferencia os vinhos
da Península de Setúbal das restantes regiões?
A nossa região é uma terra abençoada,
com um micro clima muito especial, grande riqueza ao nível de solos e
abundância de água. A sua proximidade da Arrábida e do mar e a sua localização
privilegiada, entre os dois grandes estuários do Sado e do Tejo, contribuem,
também, para as condições excepcionais que, ao longo de mais de um milénio, têm
dado origem a grandes vinhos e marcam a paisagem com lindíssimos “jardins de
vinhas”.
Nesta área, podemos
encontrar um conjunto de castas e condições, que nos permitem elaborar vinhos
diferenciadores, aromáticos, saborosos e únicos. Refiro-me à casta Castelão, à
casta de Moscatel Graúdo e à de Moscatel Roxo, que são reis na região.
Juntando a estes factores
naturais, há que destacar o capital humano, que preservou um conjunto de
tradições e foi à procura das melhores formas para aperfeiçoar as suas técnicas
e produzir os melhores vinhos do mundo. Há toda uma nova geração de
agricultores, vinicultores e enólogos nesta região, que pegou no património
familiar, no saber-fazer de várias gerações e o valorizou fortemente,
contribuindo para que deixássemos de ter a venda do vinho de Palmela a granel e
assistíssemos, nos últimos anos, à criação de marcas fortes, com rápida
implantação no mercado pela sua excelente relação qualidade-preço.
Existe um conjunto de peças
que, unificadas, tornam os vinhos desta região únicos e apelativos aos olhos do
consumidor, cada vez mais exigente.
Termino deixando um forte agradecimento ao Sr. Presidente Álvaro Amaro, pela sua hospitalidade e disponibilidade em participar nesta iniciativa, como à sua assessora Liliana Nascimento.
Termino deixando um forte agradecimento ao Sr. Presidente Álvaro Amaro, pela sua hospitalidade e disponibilidade em participar nesta iniciativa, como à sua assessora Liliana Nascimento.
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